sexta-feira, julho 05, 2002

A TUA FALTA




As luzes multicores
da cidade
perderam a cor
que foi roubada
pela saudade.

terça-feira, julho 02, 2002

SOLIDÃO





A solidão é uma armadilha
que prende a gente numa ilha
fora de rota, em alto mar...

sexta-feira, junho 21, 2002

DO QUE PRENDE


Da noite o silêncio
ao açoite pertenço
o elo é da corrente
que ele prende a gente
nada entende de mim
do que sei ou que faço
olhos meus rasos dágua
um bocado de mágua
é do mais puro aço
é o frio grilhão
a dor da solidão
de chicote na mão
ele é tão sombrio,
é de um tempo assim
eterno, perene, sem fim.

terça-feira, junho 18, 2002

MENTIRAS E VERDADES


Quando vi que os teus olhos
não olhavam mais nos meus
tentei lhe procurar
mas você não me atendeu.
Pensei em te ligar
e dizer tudo o que sinto
mas você não quis ouvir.
Entre nós há um abismo.
As pessoas nos perguntam
por quê não conversamos
e dizemos que é porque
não nos amamos.
É mentira, sei que é.
Nada mais posso fazer.
Minha sina é te amar,
meu destino é te perder.

segunda-feira, junho 17, 2002

BRILHO




Apesar da noite escura
por certo
as mesmas estrelas de sempre
enfeitam o céu
que apenas a gente não vê.

sexta-feira, junho 14, 2002

DE OUTRA MANEIRA


Como poderia eu buscar o brilho das estrelas
E a elas mesmas, para à Terra trazê-las
Como poderia ser de outra maneira
Se não a transformá-las em jóias raras
De alto brilho, das mais belas e caras
Como poderia eu, a você presenteá-las?
Como poderia ser diferente?
De outra maneira,
Como poderia domar caudalosos rios
Como poderia vencer desertos
Escalar altas montanhas
Vencer indômito as florestas
Não temer os ventos, tempestades
Nem no céu as grandes aves
Nem os animais na terra temer
Nem os monstros dos mares
De outra maneira, como poderia
vencer tantos desafios?
Diferente fosse, como poderia?
Como poderia ser um menino
E ao mesmo instante
Um tremendo de um gigante?
Como poderia? Como seria,
Não fosse desta maneira?
De outra maneira por conseguinte
Impossível seria existir, creio eu.
Como seria, se de outra maneira fosse?
Como seria, se eu não fosse teu?


Aquela estrela solitária
presa ao céu
como a cabeça
de um alfinete de ouro
reluz enfeitando da noite o véu
Se revelando um distante tesouro
mostrando comigo
uma certa afinidade.
Sim, porque me sinto como ela
andando só,
preso a esta imensa cidade.
Cada prédio,
uma constelação
cada janela
ostentando uma luz
Cada luz,
emitindo um pouco de solidão.
Nas ruas, os carros,
potentes faróis multicores,
tantos brilhantes sóis
e no entanto, certamente
todos eles estão
fugindo dessa imensa escuridão.
Quanto mais gente reunida
mais companhia perdida.
Ah, gente...
Que coisa maluca, o ser humano!
Que estranha condição!
Se aglomera na cidade
e se afasta, na realidade.
Estar junto e fingir que não
Ignorar a semelhança
valorizar a diferença
na grande e ilusória crença
que a soberba, orgulho e ostentação
São remédios para a solidão.
E todos sabemos de antemão
que são meros placebos,
e não resolvem, não!

MEU PRIMEIRO INVERNO


As tuas lembranças rotas
escorrem todas pelo céu
como da chuva as gotas
na aba do meu chapéu

O frio da aragem de inverno
percorre a espinha e tremo
como era quente o meu céu
e o inferno, um gelo extremo.

e se meu chapéu eu tiro
e se a chuva molha o rosto
saldo solidão confiro
quanto é frio o meu desgosto

mas um dia o esquecimento
como tudo acaba assim
cobrirá o meu tormento
sem você dentro de mim.

DEFENSAS


em algum lugar dos teus olhos
há um escaninho da mente
que guarda o nosso passado
os bons momentos da gente
entre mente e coração
caminho já se rompeu
não sentes mais emoção
quando o assunto sou eu.
Esta lágrima incontida
que teima dos olhos brotar
esse fio triste e frio
no meu rosto a brilhar
essa lágrima a rolar
única defesa na vida
dos males da solidão
sai do escudo, querida
essa enorme ferida
que envolve meu coração.


CORAÇÃO TRANCADO




















Essa mensagem sem palavras
que carregas nos olhos teus
com essas pupilas opacas
é uma mensagem de adeus.

Um adeus não pronunciado
no encerrar do espetáculo
de um só ato inacabado
do meu peito massacrado

Com os olhos mareados
vejo o caminho truncado
meus castelos derrubados
nosso céu desmoronado

eis porque tão cedo eu fecho
a poder de cadeado
o meu coração magoado
tão ferido, despedaçado.


Engano

Teus poemas tão lindos
pensava serem só prá mim
só meus, teus pensamentos
eu sempre pensava assim.

A luz difusa da manhã
revela uma verdade malsã
perderam o brilho seus olhos
se brilham, são para outros

há agora uma estrada a seguir
por aí afora um caminho prá ir
prá onde ele vai, ninguém sabe
talvez, para a tal felicidade.

Hoje o imperio da tristeza
impede o sorriso mais franco
exerce prepotente realeza
por vezes provoca meu pranto.

o meu mais terrível engano
a minha mais linda visão
teus olhos me adorando
e sequestrando o meu coração.


LEMBRANÇAS

Quanto que o vento castiga
aquele velho salgueiro!
Como canta o sabiá
na folha daquele coqueiro!
Como a brisa corre solta
dobrando todo o capim
como dói esta saudade
com você longe de mim!
A água que cai da bica
em meandros toda indica
o caminho para o rio
que corre em desafio
e desemboca no mar.

A Natureza sabida
pôs você em minha vida
para depois me roubar.
Mas por mais que ela insista
e afaste você de mim
vou reagir sempre assim
e a cada vez mais vou lhe amar!

QUANDO


Quando o silêncio da noite
Se faz presente
E todas as janelas e portas se fecham
Quando cintilam estrelas no céu
E os meus olhos teimam
Em buscá-las por entre espessas nuvens
Quando as luzes da cidade
Começam a apagar
E o rufar do trânsito silencia
Em todas as garagens trancadas
Quando a noite impera
E o dia há muito se foi
Nesse momento solene
Todo o meu ser
Corpo e alma
É, finalmente, só seu.
E então, troco essa saudade
Por doces lembranças
Que carrego comigo.
Assim, sigo, como sempre
Lhe amando...

Tua Boca


Tua boca apetitosa
delícia dos nossos beijos
é uma boca gulosa
que alimenta meus desejos

De um simples beijo de afago
até o beijo molhado, safado
aquele de exploração
que roda a língua nos dentes
e como a tesão não é pouca
põe tua língua no céu da minha boca
E se entrega todinha, feito louca
se dá inteira, só por beijar

Então o amor vai mais fundo
acontece e de amor eu te inundo
e apenas por fração de segundo
páras de me beijar:

E pedes para eu não parar...




PalpitAção




Brinco com a tua ausência
dedilho tantas lembranças
que escorrem pela parede
percorro a incerteza crua
poderei dizer: inda sou teu
poderás inda dizer: sou tua?

TRISTEZA



A tristeza prá mim
é como gotas de chuva
que escorrem pela vidraça
em dias cinzentos.

Depois que a chuva passa
as gotas também se vão
elas evaporam
para um dia qualquer
cair de novo
no mesmo lugar.





ESTRANHA


Estranha...
Eu mesmo construí
a tua imagem

Vivia para ti
mas, que bobagem!
Amor jogado fora

tempo perdido.
Estranha...
Eu não te conhecia,

é verdade
pensava que sabia
mas que nada!

E sempre seguias
outra estrada.
E vejo, foi inútil

todo pranto
Eu sei que prá mim
hoje, tu és nada.

SÚPLICA




Tira-me coisas pequenas e grandes que tenho na vida
Tira-me aos poucos, mas sempre
Tira-me a boa roupa de vestir
Tira-me o teto, o pão, o vinho
Tira-me o direito de ir e vir
Tira-me velhas pessoas queridas
Tira-me a riqueza dalma que seja
Tira-me o horizonte, turve-o, embace-o
tira-me tudo, até a voz da garganta
Tira-me a capacidade de me indignar
Tira-me a vontade de chorar
Tira-me o que for possível
E estarei aqui, firme ou trôpego, seja lá como for.
Mas duas coisas peço que deixes por caridade
Preserva a esperança, justo direito de sonhar
Preserva, por favor, também o meu amor.

DESCOBERTA DO AMOR


Há que se ter fleuma.
Há que se ficar impávido, diante do roubo do teu amor.
Mera situação. Mera condição.
Terás que sorrir, quando seguras as lágrimas.
Terás que sair, quando a tônica for ficar.
Terás que ficar, quando a tônica for fugir.
Terás uma missão impossível.
Ver todos os pássaros da orla voarem para longe
e o sol se esconder por trás dos montes
e a dor surgir em teu peito
como brota a lava do vulcão redivivo
e o grito de tua alma,
mais forte e mais alto que as trombetas do apocalipse
sufocado num esgar de contenção
porque hoje
neste exato dia
neste momento
descobres que amas tanto, tanto
Que as luzes do universo
e toda poeira
e toda gravidade
e todos os corpos
e todo movimento
e toda a galáxia
nada são
diante
do pulsar aflito
do teu peito amante.





ADEUS, VERDES MONTES DA MINHA INFÂNCIA!



a noite flui e a vida esvai
por entre dedos passam minutos
muitos meses, tantos anos
mil e ledos desenganos
as visões, as falsas previsões
tudo encantou e tudo falhou
um dia apenas a nascer
uma época de crescer
a era do não viver
não há como falecer
impossível morrer assim
tantos planos embrulhados
amarfanhados sob o braço
meus projetos abortados
tantos outros sempre adiados
o ceticismo da mulher bonita
que em meu amor jamais acredita
caminho para um fim nunca acaba
o dia não chega impaciente espera
o minuto seguinte sempre acontece
mas não se realiza
por não haver como fazer
e então, no momento o que há para mim
é apenas aguardar
o derradeiro
e libertador
expirar.

OLHAR


Visão
Onírica
Coalizão
Empírica

Minha sorte
Meu rumo
Meu norte
Meu prumo
Queria colocar
De tanto amar
O mundo inteiro
Todinho aos pés
De minha amada
Cadê o mundo?
Sumiu o mundo.
O mundo é nada.
Não sei se é
o brilho da estrela
que reflete na lágrima
ou se é o brilho da lágrima
que reflete a estrela.
Mas há brilho sutil.
A Lágrima sutil.
A Estrela sutil.
Também é sutil o reflexo.
Sutil e desconexo.
Desvanece o sentido.
Não há coração e nem cupido.
Peito rasgado, traído.
O pano da noite amordaça
a minha desgraça.
Não há grito,
não há luz,
nada mais seduz,
não há vento,
não há sequer um lamento.
A dor que dói é aqui dentro.
Não a ponho fora.
Apenas peço
Que me deixe agora
Ir-me embora.
Que me é chegada a hora.
No tempo desta partida
É um tempo sem despedida.
Apenas note que nestes olhos
Neste semblante que me conduz
Não brilhará jamais a mesma luz.

TANTO AMOR





Inda que para o sonho
O sonhador seja tacanho
Inda que para nós
Inexista a palavra possível
E que a realidade
Sempre a nos faltar
Nos exija tanto sonhar
Nem o fato de ser sonho
Nem um sonhador tamanho
Será pouco prá te amar!

INDIFERENÇA



O meu tolo sangue vão
empossado desse chão
das entranhas da terra
finge ser só uma poça
ocasional nesta guerra.

O sol inda há de secar
toda lágrima vertida
o tempo há de apagar
toda mazela da vida
toda tristeza do olhar

esse sangue já pisado
não permite enxergar
aquilo que um belo dia
me deu tudo nesta vida
hoje se faz por findar
e vai agora, sim, secar.

de tão longe teu ouvido
de distante o teu olhar
de tão pouco se falar
a propositada ausência...

Este ser hora insepulto
o corpo inerte do morto
nesta vida de andança
preferiu não mais ficar

bem baxinho a soluçar
retirou nossa aliança
junto dela a esperança
sorriu como uma criança
e deixou de respirar

Sem saber que não devia
desta forma protestar
expôs a fria presença
e escolheu por se trocar
só por tua indiferença.

COICE DE MULA




Moça! Eu sei que os teu zóio são tão bonito
iguar jabuticaba madura.
É, Moça.
Eu sei que os teu lábio são da cor da pitanga
Na hora de apanhá...
Sei também que as tua mão são aveludada,
iguar a casca do pêssego
e que as tua bochecha
é rosada que só ele.
Aí, moça, eu sei também,
que a tua fala é mais bonita
que o canto do sabiá.
É. Moça.
Eu sei.
Sei também
que quando a gente chega perto
Ocê cheira tão bão
que nem a dama da noite
consegue cheirá...
E é por isso tudo, Moça,
que tenho medo
inté de chegá perto docê.
Ocê vai fazê eu dá risada a tôa, né?
Mas este caboclo véio aqui fica longe
porque sabe que tem dois tipo de suspiro nesses causo.
O da chegada e o da partida.
O da chegada é mió do que boa colheita, fartura,
Casamento na roça, a gente contente, festa junina.
Mas o da partida, Moça, dói mais que passá
A cavalo sem podê desviá do arranha-gato,
cair de mau-jeito do boi no rodeio
ou levá um coice de mula!

BENDITO



Bem no fundo
eu já sabia sim
nas voltas do mundo
separar-te-ias de mim

sabia mesmo que um dia
pela morte ou destino
as mesmas mãos que afagavam
far-me-iam abandonado menino

a cada lágrima de saudade
é um pouco da felicidade
infinita dor que do amor é assim
bendito amor que teve fim.
DEFENSAS
em algum lugar dos teus olhos
há um escaninho da mente
que guarda o nosso passado
os bons momentos da gente
entre mente e coração
caminho já se rompeu
não sentes mais emoção
quando o assunto sou eu.
Esta lágrima incontida
que teima dos olhos brotar
esse fio triste e frio
no meu rosto a brilhar
essa lágrima a rolar
única defesa na vida
dos males da solidão
sai do escudo, querida
essa enorme ferida
que envolve meu coração.

SILÊNCIO DO TEU VAZIO


o meu canto
é o meu pranto
fim do nosso amor
findo teu amor
tanta dor
cantador
é tanto
encanto
proscrito
finito
grito
fito
a nau apenas um fio
algo pós horizonte
é tanto mar
nenhuma ponte
a imensidão
a cantar
a prantear
a urrar
esse silêncio
da solidão.

ENCONTRO E DESPEDIDA

De longe, os sons
da algazarra da vida
me fazem lembrar
que foi num dia alegre e belo:
os nossos olhos
transmutaram a realidade
naquele encontro marcado
na fotossíntese do amor
alimentado a felicidade.