domingo, agosto 02, 2009

TRISTESSE




Estou triste.

Mas a minha tristeza
não é daquelas que se demonstra
nem que se fala.

Ela cala um pouco mais fundo.
Estou triste com o acaso.
Com o Destino.
Estou triste com a existência.

Esta melancolia
que me invade a alma
não tem culpados
e não tem vilões.

Estou triste.
Apenas triste.
Não mais que triste.

A tristeza veio de longe,
muito longe.
E nunca mais foi embora.

Enquanto rio para as pessoas,
brinco, gracejo...
Meu coração está apertado.

Não por elas, ou por causa delas.
Não pelo dia cinza.
Não pelo frio,
nem pela noite.

Mas o vento de inverno
já chegou em meu espírito.
Apenas não tenho
que mostrar isso.
Abrir para o mundo
a minha melancolia.
Ela é uma cruz só minha.

Dividir com alguém? Não.

Não se divide esse tipo de sentimento.
A gente só divide alegrias.
Reparte mesmo.

Mas delas, não tenho nem um pedacinho
para repartir com quem quer que seja.

E para aumentar mais ainda
esta minha tristeza,
atabalhoadamente, feri
a beleza de minhalma profundamente.

Hoje, no começo da noite,
sem me atinar para o que fazia,
pisei na mais linda flor
que já cultivei.

Quando se pisa uma flor,
não há como pretender
que as pétalas
não se machuquem.

Macerei as pétalas
da única e mais linda
flor de minha vida.
Desavisadamente.

E agora,
sentado à soleira da porta
de minha consciência,
contemplo os motivos desta existência,

os caprichos do acaso,
os erros que cometemos
e eu me quedo triste.

Sim, estou triste.
Apenas triste.
Não mais que triste.

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